Nos Estados Unidos, quando uma situação dá nó cego, quando não se vê saída, diz-se que “está na hora de chamar os fuzileiros”. Os fuzileiros são o derradeiro recurso, a suprema salvação nas horas de perigo.
Aqui no Brasil também é assim. A última palavra cabe sempre ao fuzileiro. Se a batalha parece perdida ─ apela-se para o fuzileiro. Se o desembarque é impossível ─ calma, os fuzileiros desembarcam assim mesmo. Se é preciso uma coragem sobre-humana ─ os fuzileiros têm essa coragem. Arma de fogo ou arma branca, embarcado ou em terra firme fuzileiro briga. E o fuzileiro resolve.
Neste nosso país onde ninguém se preocupa muito com tradições, abre-se uma exceção para os fuzileiros. Eles são uma tradição viva, amada, indispensável. Têm já os nossos fuzileiros 150 anos de vida que neste mês de março de 58 comemoramos. E pode-se dizer que têm a mesma idade da nação, pois todos sabem que a soberania brasileira começou a funcionar 14 anos antes da independência, quando aqui desembarcou o Príncipe Regente, trazendo consigo toda a sua corte e a máquina do governo. Promovido a sede da monarquia, ninguém poderia mais chama o Brasil de colônia. O grito do Ipiranga foi, realmente, apenas a declaração formal, que vinha ratificar uma situação de fato. E sendo assim, mais um ponto se conta a favor dos fuzileiros: não serviram nunca como tropa colonial. Nunca foram instrumento de tirania da Metrópole para esmagamento de brasileiros. Ao contrário, sempre que lutaram foi contra o inimigo externo, começando muito cedo esse ofício de escudo da Pátria; tinha então Brigada Real da Marinha apenas seis meses de existência, e já os fuzileiros lutavam pelo Brasil na Guiana Francesa.
Distinguindo-se pela sua farda à velha moda, desdenhando as cores neutras com que os soldados modernos se camuflam ─ a alegre túnica vermelha, o gorro branco com o seu laço de fita preta, ─ o fuzileiro em dia de gala é mais bonito até que um general com todos os seus bordados. É a tropa mais conhecida, a mais celebrada do país. Não há guerra sem fuzileiro ─ mas sem fuzileiro não há festa, também. Pode-se imaginar uma parada de 7 de setembro sem o desfile dos navais e, acima de tudo, sem a música da banda dos fuzileiros, que é a mais famosa de todas as nossas bandas militares? E pode haver festa da Penha, pode haver domingo em Paquetá, sem a presença dos rapazes do Batalhão Naval? Ai, a tradição galante dos fuzileiros é tão antiga e arraigada quanto a sua tradição guerreira. Que o digam as gerações sucessivas de corações feridos ─ brancas, morenas e cabrochas ─ que vêm padecendo 150 anos de penas de amor por culpa desses tiranos de casaco vermelho!
Falei com o Batalhão Naval. Eles hoje se chamam oficialmente de “Corpo de Fuzileiros Navais”. Aliás é curioso assinalar , como, neste século e meio de vida, mudaram de nove os fuzileiros. Chamaram-se a princípio de Artilheiros da Brigada Real da Marinha. Já no Império, passaram a Imperial Brigada de Artilharia da Marinha e em seguida a Corpo de Artilharia da Marinha. Mais tarde usaram o nome que têm agora: Corpo de Fuzileiros Navais. Na guerra de Rosas já eram apenas Batalhão Naval. Voltaram a Corpo de Infantaria da Marinha, e logo em seguida novamente a Batalhão Naval, e Regimento Naval. Até que em 1932 fixaram-se no nome que têm atualmente e parece ser o definitivo. Mas podem variar as denominações oficiais. Para o coração do povo, que o adora, será sempre o “Batalhão Naval”, cantado até nos sambas.
Não esqueço minha surpresa ao descobrir, num pequeno porto fluvial à margem do velho São Francisco, um quartel da Marinha, construído em formato de navio, e ao portão, de sentinela, um fuzileiro.
Interpelei o naval:
─ Gente, que faz aqui um fuzileiro, tão longe da pancada do mar?
E o sentinela respondeu sorrindo:
─ Não tem mar mas tem rio, dona. Fuzileiro é bicho de qualquer água!
Não houve uma luta, nestes 150 anos de Brasil, em que sangue dos fuzileiros não corresse ─ e na linha de frente. Começaram em 1808, na Guiana, segundo já foi dito. Depois foram as guerras da Independência. A campanha do Rio da Prata. A guerra de Oribe e Rosas. Cisplatina, Paraguai, do começo ao fim. Mas para que entrar em discriminações Quem quiser saber a história dos fuzileiros navais, não precisa consultar nenhum livro especial, Basta ler a História do Brasil.
Adorei! Pois pretendo participar do concurso sobre ela.Muito Obrigada!
ResponderExcluiro video sobre camoes foi interessante,contudo tive que me esforçar para entender esse portugues,pois pra min pareceu uma outra lingua
ResponderExcluirMuitas vezes os esforço faz parte da aquisição de conhecimento. Audição de outras línguas, em geral,requerem esforço mesmo. No caso do português de Portugual não é diferente. Eu também me esforcei em alguns momentos.
ResponderExcluirBom, eu como um eterno fuzileiro só tenho a agradecer e ficar honrado com todas essas palavras a respeito do nosso corpo de fuzileiros navais.
ResponderExcluirUma vez fuzileiro, sempre fuzileiro.
AD SUMUS.
Cuja a honra e integridade vou sempre devender.
Turma II 1995 Três hurras!!