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21 de abr. de 2010

Entre o imaginário e o real...

Impossível para mim não associar esse fragmento do romance As cidades invisíveis, de Italo Calvino, ao terror Morro do Buma.

As cidades e os mortos
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"O que distingue Argia das outras cidades é que no lugar de ar existe terra. As ruas são completamente aterradas, os quartos são cheios de argila até o teto, sobre as escadas pousam outras escadas em negativo, sobre os telhados das casas premem camadas de terreno rochoso como céus enevoados. Não sabemos se os habitantes podem andar pela cidade alargando as galerias das minhocas e as fendas em que se insinuam raízes: a umidade abate os corpos e tira toda sua força; convém permanecerem parados e deitados, de tão escuro.
De Argia, daqui de cima, não se vê nada; há quem diga: “Está lá embaixo” e é preciso acreditar; os lugares são desertos. À noite, encostando o ouvido no solo, às vezes se ouve uma porta que bate."
 (Calvino, Italo. As cidades invisíveis. P. 53)

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